Terapias Manuais


Atualmente, crescem as exigências quanto à resolutividade dos tratamentos na área da saúde. A Terapia Manual é uma área da Fisioterapia e como tal, vem conquistando cada vez mais espaço no cenário nacional e mundial, em virtude da eficiência de suas técnicas que promovem melhoras satisfatórias em curto prazo.

Executada mediante aplicação de técnicas com as mãos, sobre o corpo do paciente, a Terapia Manual tem o objetivo de promover o retorno à função normal dos seus sistemas. Graças aos seus reconhecidos efeitos benéficos, a Terapia Manual como modalidade de tratamento fisioterapêutico tem se mostrado cada vez mais eficiente, clínica e cientificamente.

Todos os métodos e técnicas que integram a Terapia Manual possuem seus méritos, porém nenhum deles é soberano. Por isto a Terapia Manual absorve o que há de original em cada método e os confronta com a honestidade que a ciência impõe, sempre buscando o crescimento profissional e a otimização dos resultados.

- Liberação Miofascial
A liberação miofascial é uma técnica de estiramento altamente interativa que necessita do “feedback” do corpo do paciente para determinação da direção, força e duração do estiramento, e para facilitar o relaxamento máximo dos tecidos tensos. A liberação miofascial ou estiramento miofascial reconhece que um músculo não pode estar isolado das outras estruturas do corpo. Todos os órgãos do corpo são cobertos por fáscia. Por tanto, todo “estiramento muscular” é na verdade estiramento de uma unidade miofascial. Essa é a base que separa a liberação miofascial de outras técnicas de estiramento.

Durante a liberação miofascial, o fisioterapeuta monitora a tensão tecidual pelo desenvolvimento de uma ligação cinestésica com o paciente através do toque. Essa ligação envolve o acompanhamento do movimento inerente dos tecidos, o ritmo da respiração do paciente, o tônus muscular neurofisiológico e variações desse tônus. Conforme o fisioterapeuta adquire destreza no reconhecimento do tônus e tensão dos tecidos do paciente, ele torna-se capaz de detectar restrições em unidades miofasciais individuais. Conforme essas áreas são localizadas, aplica-se um estiramento localizado de forma gentil. Dessa maneira, as restrições ao movimento eficiente, que não podem ser localizadas e eliminadas por meio de outras técnicas de estiramento são identificadas e tratadas. Todas as alterações de alinhamento que podem pré dispor o paciente a futuras lesões são removidas durante o tratamento do problema atual do paciente.

Dessa forma. O fisioterapeuta, usando a técnica de liberação miofascial trabalha junto com o paciente, não sobre o paciente. O fisioterapeuta é um questionador, não um “expert” inquestionável. O fisioterapeuta quando usa a técnica de liberação miofascial, não planeja a sessão de tratamento de um modo passo a passo (como receita de bolo), ao contrário espera pela direção indicada pelas alterações que o corpo do paciente apresenta e as segue; O estiramento das restrições teciduais que impedem o movimento eficiente não se torna um jogo de poder entre o fisioterapeuta e o paciente. Ao contrário, a orientação da liberação miofascial promove a cooperação e participação ativa do paciente no processo de cura.

O objetivo do tratamento usando a liberação miofascial é facilitar a postura mais eficiente e padrões de movimentos que o paciente pode manter. A disfunção postural e/ou de movimento é analisada e tratada de uma maneira holística, reconhecendo que a limitação em uma parte terá ramificações em todo o corpo. A progressão apresentada pelo paciente é mensurada pela melhora na simetria postural, redução dos pontos gatilhos miofasciais ativos e aumento na quantidade e qualidade dos movimentos.


- Reeducação Postura Global
A Reeducação Postural Global (RPG) é um método original e revolucionário nascido da obra “O Campo Fechado”, publicado em 1981, na França, após quinze anos de pesquisas no domínio da anatomia, biomecânica, cinesiologia, osteopatia e outros que permitiram a Phillipe Emmanuel Souchard fundamentar o seu conceito, a partir das idéias da terapeuta corporal Françoise Mézières. O RPG se baseia no princípio que os problemas posturais e músculo-esqueléticos são produzidos pelo encurtamento das cadeias musculares, principalmente as posteriores, que se encurtam para nos dar equilíbrio ou estabilidade aos movimentos dos nossos braços e pernas.

Toda a abordagem clássica no tratamento dos problemas musculares ou no treinamento esportivo se baseia no aumento de força muscular. Segundo Souchard, o resultado disso são músculos mais encurtados, acarretando mais deformidade, menos flexibilidade e mais dor.

Trata-se de um método de avaliação e tratamento das disfunções posturais e dos movimentos através de posturas globais e analíticas que tratam as cadeias musculares em disfunção e tem um efeito proprioceptivo sobre a postura do indivíduo, liberação miofascial que elimina as restrições do tecido conectivo que envolve os músculos e os órgãos, auxiliando também na correção postural e mobilização articular que restabelece o movimento normal entre as superfícies articulares, portanto, o RPG atua de forma globalizada, apresentando além dos efeitos citados, o alongamento do grupo muscular tratado e, ao mesmo tempo, o aumento da força muscular.


- Método Mulligan
O Conceito Mulligan foi originado pelo Fisioterapeuta Brian Mulligan, formado na Nova Zelândia em 1954, engajado no interesse em terapia manual por Stanley Paris, ainda na década de 60. Uma das mais utilizadas técnicas de tratamento dentro da terapia manual.
Seu conceito basea-se na teoria da falha posicional. Quando temos uma lesão ou injúria, a articulação poder assumir uma posição ligeiramente anormal, muitas vezes invisível em exames, e estas pequenas falhas posicionais levariam a restrições de movimento resultando em dor. O conceito de Brian Mulligan de mobilizações com movimentos nas extremidades e deslizamentos apofisários naturais sustentados na coluna vertebral constituem o caminho lógico dessa evolução. A aplicação concomitante de movimentos acessórios livres de dor pelo fisioterapeuta e a geração de movimentos ativos fisiológicos livres de dor pelo paciente, formam o princípio primário que norteiam o conceito de Mulligan.

- Método Maitland
O conceito Maitland surgiu na década de 60, na Austrália (país com grande tradição na formação de fisioterapeutas manipulativos), sendo idealizado pelo Fisioterapeuta Geoff Maitland. Atualmente, consiste em um método padrão e imprescindível na vida profissional de fisioterapeutas que trabalham com terapia manual. Este conceito baseia-se em dados clínicos colhidos através de uma anamnese minuciosa, o exame físico (movimentos ativos, passivos e acessórios), sinais e sintomas, assim como os efeitos das técnicas sobre estes sinais e sintomas, que em conjunto levam o fisioterapeuta a um provável diagnóstico e conseqüentemente a uma melhor escolha das técnicas de tratamento, a fim de uma melhor evolução e resolução do problema.

O exame físico baseia-se exclusivamente na avaliação dos movimentos ativos, seguido dos movimentos passivos e acessórios nas articulações relacionadas à desordem do paciente ou articulações, as quais podem levar a dores referidas nestes locais.
As lesões ou patologias podem levar a uma perda desses movimentos fisiológicos e acessórios e os mesmos podem ser reestabelecidos através de técnicas osteocinemáticas (fisiológicas) e artrocinemáticas (acessórias), restaurando a função normal de cada articulação.

Devemos ter em mente que nem sempre a articulação dolorida é reponsável diretamente pelo problema, muitas vezes uma articulação não dolorosa, mas apenas hipomóvel pode ser responsável por tal fato. O fisioterapeuta manipulativo deve também saber que um movimento acessório pode reestabelecer um movimento fisiológico, sendo a recíproca também verdadeira, por isso, no campo da terapia manual apenas a mente aberta e privilegiada se destaca.


- Quiropraxia
Daniel David Palmer (1845-1913) foi, como Still um produto da região centro-oeste dos Estados Unidos na metade do século XIX. Apesar de não ter se formado em medicina, tornou-se conhecido por praticar a cura magnética, transformando-se em terapeuta manipulativo autodidata. Ainda há controvérsia a respeito de Palmer ter sido ou não paciente ou aluno de Still em Kirksville, Missouri, mas sabe-se que Palmer e Still conheceram-se em Clinton, lowa, no início do século XX. D.D. Palmer circulou bastante pelo país e fundou sua primeira escola em 1896. Os primeiros colégios foram os de Davenport, lowa, e de Oklahoma City, Oklahoma.

Embora D.D. Palmer tenha recebido crédito pela origem da quiropraxia, foi seu filho, Bartlett Joshua Palmer (1881-1961), que impulsionou a profissão quiroprática. Segundo os conceitos originais de Palmer, a causa da doença era uma variação na expressão da função neural normal. Ele acreditava na "inteligência inata" do cérebro e do sistema nervoso central e achava que alterações na coluna vertebral (subluxações) alteravam as funções neurais , provocando a doença. A remoção da subluxação pelo ajuste quiroprático era considerada como tratamento. A quiropraxia jamais preconizou ser uma escola total de medicina e não ensina cirurgia nem o emprego de medicamentos, além de vitaminas e analgésicos simples. Permanece então uma cisão, dentro da profissão quiroprática, entre os "conservadores", defensores e adeptos dos conceitos originais de Palmer, e os "liberais", que acreditam num escopo mais amplo da quiropraxia, que inclui outras intervenções terapêuticas, como a fisioterapia, a eletroterapia, dieta e vitaminas.

Em meados da década de 1970, o Council on Chiropractic Education (CCE) (Conselho de Educação Quiroprática) requereu ao Departamento de Educação dos Estados Unidos seu reconhecimento como órgão credenciador da formação quiroprática. O CCE foi intensamente influenciado pelos colégios de tendências mais liberais, o que levou a um aumento das exigências educacionais, tanto antes quanto durante a formação quiroprática. A quiropraxia é exercida em todo o mundo, mas a vasta maioria da formação quiroprática continua ocorrendo nos Estados Unidos. O final dos anos 1970 encontrou expressivo aumento no reconhecimento da quiropraxia na Austrália e na Nova Zelândia, e seus adeptos são participantes de programas de saúde nesses países.


- Método Mackenzie
O Método McKenzie foi desenvolvido pelo fisioterapeuta neozelandês Robin McKenzie, e consiste de um programa de movimentos prescritos pelo fisioterapeuta, que você realiza por conta própria, em sua casa ou no trabalho, sem o auxílio de equipamentos específicos. Aborda o tratamento das dores da coluna relacionadas aos distúrbios do sistema articular da coluna vertebral. Esta técnica de terapia manual utiliza os movimentos do próprio paciente no alívio da dor e na recuperação da função.
Você também aprende a identificar os movimentos, posturas e atividades que aumentam e pioram a sua dor. E, se o programa de auto-tratamento não consegue resolver completamente o seu problema, o fisioterapeuta treinado no Método McKenzie aplica técnicas complementares de terapia manual. O importante é que o Método McKenzie visa não apenas a solução dos seus sintomas atuais, mas também a prevenção, em longo prazo, da incidência de novas crises.

O método McKenzie é uma técnica de avaliação e um método terapêutico baseado na avaliação da resposta sintomática na avaliação da dor ou redução da deformidade tecidual. Os indivíduos que respondem bem a esta técnica são: pacientes que sofrem de dores agudas, subagudas ou crônicas da coluna vertebral, que se manifestam pelo aparecimento repentino de uma dor comumente aguda, podendo ocorrer irradiação para os membros superiores ou inferiores, com concomitante restrição do movimento.

O tratamento McKenzie consiste de dois componentes: o componente educacional, que dá ao paciente uma compreensão do seu problema e do papel do movimento na sua reabilitação; e o componente de terapia mecânica ativa, que consta de exercícios individualizados prescritos pelo fisioterapeuta, com base na avaliação mecânica. A ênfase está no envolvimento ativo do paciente, o que diminui o número de visitas à clínica.

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